segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Bruxaria na internet

Olá, irmãos da Arte!

Venho por meio deste post comentar uma obra que li recentemente intitulada “Bruxaria na internet” de M. Macha NightMare, traduzida por Claudiney Prieto e lançada pela editora Nova Era em 2007. Tendo lido toda a obra, tive por capítulo mais interessante “Quem tem a lançadeira?”, que fala sob um ponto de vista político como se dão as relações sociais ao redor dos assuntos relacionados ao paganismo, comentando também sobre a wicca.


Ao ler esse capítulo pode-se verificar como a internet colaborara para se construir uma visão cosmopolita da wicca, e teria contribuído para a legitimação de práticas wiccanas bem liberais. Tal discussão é interessante quando visualizamos uma exclusão de wiccanos mais liberais por parte de wiccanos mais tradicionais, cortando diálogos que poderiam ser bem construtivos.


Vem então a pergunta que nunca haverá resposta: o que é ser wiccano? Depois vem outra muito mais intrigante e polêmica: o que torna legítima uma prática wiccana?


Sobre a pergunta “o que é ser wiccano”, NightMare aponta como principal causa da falta de uma única resposta a falta de uma autoridade central, como a Igreja Apostólica Romana, que tem o papa. Mas outro argumento é a ausência de um texto sagrado a ser interpretado, como a Bíblia para os católicos, por exemplo.


NightMare parte das influências da internet para confirmar uma rarefação do que seria “ser wiccano”. Para isso ela descreve como tradições foram surgindo e se expandindo a partir da net, com elementos das tradições britânicas, mas que teriam surgido com teores diversos, como a auto-afirmação de movimentos de homossexuais, mas que se transformaram em tradições mais ecléticas e liberais, elas seriam adequadas a preferências individuais e pessoais.


Na tentativa em descrever o que teriam em comum todos os wiccanos, NightMare cita algumas coisas que teríamos em comum: a celebração da roda do ano, o amor à natureza e um texto intitulado “A carga da Deusa”, escrita por Doreen Valiente, discípula de Gardner – texto que fala da Deusa e do seu culto. Mas quanto à ética, ela afirma que, apesar da máxima compartilhada por muitos wiccanos “Sem nenhum mal causar, faça o que desejar”, tal enunciação seria um tanto vaga, subjetiva, sem descrever um código de ética concreto. Já Dianis Lucien em seu artigo “O que aconteceu com a Wicca?” parece dividir e segregar os wiccanos liberais que praticam a wicca mais livremente, denominando-os neo-wiccanos. Ou seja, aquele dotado de uma prática liberal não seria mais wiccano, mas neo-wiccano. Dessa forma, tem-se como wiccana apenas a prática vinculada às tradições britânicas originais.


Sobre a pergunta “o que torna legítima uma prática wiccana”, tal discussão passa tanto pelo nível material das relações pessoais terrenas, quanto pelo virtual (internet). NightMare fala do livro das sombras como escritos que concretizam em um nível material uma prática, seja em coven ou solitária. Mas a legitimação dessa tradição passa por discussões virtuais e pessoais. Mas NightMare vai falar das discussões virtuais e vai colocar a posição de que a internet teria produzido uma maior horizontalidade social entre as pessoas possibilitando uma discussão mais eficiente. E ao mesmo tempo teria produzido ímpetos radicais que levariam a um tratamento mais grosseiro, arrogante e, às vezes, desdenhoso entre pessoas, o que aqueceria e esfriaria rapidamente as disputas relacionadas à legitimação de determinada tradição ou determinadas práticas.


NightMare parece ser inclusiva ao falar do que é ser wiccano, enquanto Lucien se utiliza da construção de uma história da wicca altamente puritana, seguindo uma utopia de uma wicca pura preservada nas tradições através da história. Mas história demonstra que todo tipo de tradição muda e se atualiza com o passar do tempo. Tal fato parece um tanto natural e válida para NightMare. Ao partir da internet, e da alta liberdade de que as informações são dotadas nesse meio, NightMare considera as diferentes formas de se praticar wicca no mundo, e suas diferentes “atualizações” como válidas, apesar de que com seus pontos positivos e negativos em cada uma delas.


NightMare defende a livre legitimação das práticas por cada indivíduo: “Nossa autoridade está em cada um de nós”. Ninguém pode julgar a forma com que o outro pratica a wicca. Desde que ele tenha como base práticas wiccanas já descritas, ela é válida. Fazer tal julgamento é projetar a própria prática na vida do outro, que vive muitas vezes em outro contexto e teve outras experiências. As discussões na net, às vezes, são habitadas de pessoas prontas para desdenhar qualquer iniciativa independente ou diferenciada de prática/ensino wiccana. Mas como a internet é facilmente acessível, certas discussões de determinadas temáticas parecem condenadas a nunca terminarem, dada as polêmicas quanto a assuntos como os discutidos por esse texto. A internet parece tornar mais visível tais discussões, ela as divulga com rapidez e de forma ampla, e aqui estou eu tomando uma posição, enquanto wiccano solitário e membro da Fraternidade Virtual de Wiccanos Solitários.


Espero ter sido claro em minha explanação e tenha deixado clara minha posição.Espero também que se interessem pelo livro de M. Macha NightMare, “Bruxaria na internet”. É muito aconselhável, talvez não muito para iniciantes: esse livro apresenta a wicca de uma forma muito cosmopolita, o que pode confundir os iniciantes.


Bençãos dos Deuses.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Pojeto Da Fraternidade Virtual de Wiccanos Solitários (FVWS)



Requisitos para entrar na fraternidade


Concordar com o manifesto veiculado;


Compartilhar e praticar com os demais membros da fraternidade (de) um(a) forte respeito/tolerância por quaisquer idéias dos indivíduos sobre qualquer assunto, mas principalmente sobre wicca; além de compartilhar e praticar um forte sentimento de solidariedade com os mesmos.


Ter um perfil virtual em qualquer site de relacionamento (Orkut, por exemplo) com qualquer característica que o identifique como wiccano; e


Ter qualquer publicação virtual em espaços de qualquer espécie (um blog, por exemplo) de qualquer manifestação artística (texto literário, desenhos, por exemplo), acadêmica (artigo científico, resenhas ou resumos de livros, por exemplo) ou qualquer texto (comentários de qualquer tipo, relatos de experiências, por exemplo) de autoria própria com uma temática wiccana.


Como entrar na fraternidade


Deverá ser feito um perfil no Orkut com um nome mágico virtual o qual representará sua identidade wiccana solitária dentro da fraternidade. Neste perfil coloque tudo que quiser expor sobre seu “eu mágico”, entre nas comunidades de wicca e que queira ligar ao seu “eu mágico”.


Também deverá ser feito um blog dedicado à wicca, com uma primeira publicação de uma dedicação pessoal (de qualquer extensão) ao caminho solitário wiccano e aos valores da fraternidade de tolerância e cooperação. Outras publicações posteriores deverão ser feitas com temáticas wiccanas.


Enviar um e-mail ao/a um moderador dizendo por que quer entrar para a fraternidade.


Para interagir com a fraternidade serão usados: uma comunidade pública e outra restrita no Orkut, e um grupo de discussão e compartilhamento de arquivos, no Google, restrito. Os assuntos pessoais ligados aos assuntos da fraternidade serão veiculados no perfil do Orkut do membro.


Regras da fraternidade


Quaisquer críticas pessoais devem ser evitadas ou levadas para os recados entre um membro e outro, evitando fazê-las nos espaços públicos ou restritos da Fraternidade.


É proibida, a qualquer membro da fraternidade, a veiculação de qualquer propaganda/divulgação de empresas/eventos que não tenham sido autorizados por algum moderador ou que não tenham vínculo com a fraternidade.


A manutenção do blog e do perfil de admissão é altamente aconselhada, já que através deles que se poderá participar ativamente da fraternidade. Também é aconselhada a participação ativa de outras comunidades de wicca se utilizando do seu perfil mágico.

Manifesto da Fraternidade Virtual de Wiccanos Solitários (FVWS)



Salve, pagãos e pagãs, feiticeiros e feiticeiras, bruxos e bruxas, wiccanos e wiccanas. Esse manifesto se dirige a todos que se identificam como wiccanos(as), mas não encontram um coven adequado para si; ou aspiram a criar, ou têm de fato, “sua própria visão” da wicca que não seria, ou não é, bem aceita por wiccanos tradicionalistas.


Venho então convidá-los a nos associarmos virtualmente (por meio da internet) para trocar idéias, materiais instrutivos, para auxiliar uns aos outros a construir nossas idéias wiccanas enquanto solitários(as), compartilhando nossas experiências em diálogo. Convido-os também a mostrar virtualmente parte de nossa dedicação religiosa como wiccanos(as) solitários(as) de modo que possamos reforçar o wiccano(a) solitário(a) como caminho possível e legítimo dentro da wicca, junto aos caminhos de iniciação tradicional.


Nós, como wiccanos(as) solitários(as), temos diferentes níveis de acesso a livros, artigos e à instrução sobre wicca e assuntos relacionados. Alguns de nós, ainda, procuram covens e outros grupos sociais a fim de expandir o acesso e, às vezes, conseguir orientação. Mas esses covens ou outros grupos muitas vezes têm problemas internos, têm laços instáveis ou possuem exigências, regras ou contingências com as quais não concordamos ou não conseguimos conviver.


Nesse mundo interligado pela internet, nós podemos formar um grupo reunido a partir de grupos de discussão e compartilhamento de arquivos, e blogs para podermos estar nos comunicando guiados por um sentimento de solidariedade e respeito com fins de construirmos uma religiosidade própria enquanto wiccano(a) solitário(a), com idéias e tradição próprios e individuais.


Ainda se tem uma idéia forte acerca de certo privilégio atribuído ao wiccano iniciado em coven, com uma tradição forte por ser compartilhada e por permanecer através do tempo; e também por possuir um sistema organizado de aprendizagem. Essa idéia positiva atrelada ao wiccano iniciado em coven atrai os iniciantes ou wiccanos de baixa estima e afasta aspirantes à wicca com idéias/práticas originais de wicca a ponto de não se considerarem wiccanos(as).


Mas a prática da wicca solitária é bem aparada por tradições wiccanas como a Wicca Seax, de um conceituado wiccano e escritor chamado Raymond Buckland e a Wicca Céltica, descrita por Gary Cantrell em “Wicca – Crenças e Práticas”, sem mencionar livros publicados direcionados para o wiccano(a) solitário(a) escritos pelo próprio Buckland e por outro conceituado escritor e wiccano, Scott Cunninhan.


A idéia de uma religiosidade wiccana com idéias originais, ou seja, uma tradição wiccana personalizada com traços organizados de forma criativa conforme a preferência do wiccano é uma idéia estimulada em vários manuais de wicca. Quando fala da devoção aos deuses, Buckland escreve: “Mas essa é uma das vantagens da Wicca – não existem regras fixas, nem leis escritas em pedra. Você trabalha com o que serve pra você enquanto indivíduo”. E Gary Cantrell afirma: “Todos nós temos diferentes entendimentos ou interpretações de muitos aspectos da Antiga Religião, e cada uma dessas interpretações é, por definição, a correta para aqueles que a abraçam”.


A aprendizagem do bruxo(a) solitário(a) é mais livre e autônoma. Porém alguns têm dificuldades, dúvidas, necessidade de compartilhar pensamentos ou/e limitado acesso a materiais didáticos. Se unirmos virtualmente os vários solitários(as) em torno de um projeto de comunicação e estudo informados por um sentimento de solidariedade, ao compartilhar materiais com os outros, e respeito, pelas diferentes idéias dos indivíduos, sem querer impor verdades, podemos tornar visível e até palpável aquilo a que Buckland se refere quando escreve em seu manual “O Guia da Tradição Wicca para Solitários”: “Lembre-se de que você nunca está sozinho”; ou seja, sempre se faz parte de um grupo com aspirações semelhantes, mas nem sempre é visível e palpável. Está implícito um maior poder pessoal advindo da idéia de nunca se estar sozinho, o que uma união ou forma de associação pode fortalecer.


Nós, wiccanos(as) solitários(as) estudamos/praticamos a Wicca tanto quanto um iniciado em coven. Sabemos tanto quanto o mesmo. Se pudermos mostrar isso de alguma forma, poderíamos ganhar algum respeito. Não quero dizer que devemos nos mostrar apenas aos iniciados em coven. Mas mostrar até entre nós mesmos quem somos e que de fato somos dedicados de alguma forma à Wicca e merecemos ser chamados wiccanos(as). Essa forma seria um blog com obras do wiccano(a) com temática wiccana. Seríamos também bons participantes em discussões em outros grupos virtuais com fins de discutir sobre a Wicca. Devo frisar que se agiria com respeito às diferentes idéias e com o objetivo de aprender e compartilhar idéias e experiências.


Chamo então todos aqueles que se identificam com a wicca e que queiram seguir um caminho solitário mais agradável, livre, construtivo e respeitável para que venham compartilhar seus estudos e experiências com seus irmãos de ofício. Sempre com os sentimentos de solidariedade e respeito a diferenças. Leia o projeto da Fraternidade e participe dessa organização.